Futuro do sector da construção depende da reabilitação urbana, diz AICCOPN

Notícia do OJE/Lusa

17 de maio, 2010
O presidente da Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) alertou hoje que, a par das iniciativas de austeridade, o Governo "tem de tomar medidas urgentes para salvar o sector", que depende agora da reabilitação urbana.

"Depois de implementadas estas medidas de austeridade, que o Governo entende que são para salvar o país, têm de se tomar medidas urgentes para salvar o sector e tem que ser ainda este ano", afirmou Reis Campos em declarações à agência Lusa.
Admitindo que "a questão dos grandes projectos está resolvida - não se pode praticamente contar com eles, só mesmo os que estão adjudicados e mesmo esses vão sendo cada vez mais retardados" - o presidente da AICCOPN sustenta que a aposta na reabilitação urbana "é um desígnio prioritário para o país".

"A reabilitação urbana terá de ser o segmento a dinamizar mais rápido, porque geraria logo alguma movimentação no sector e em grande parte da indústria. Continuamos com necessidades básicas em termos de arrendamento e, neste momento, é consensual que seria a melhor solução", considerou.

Recordando que desde 2002 o sector da construção "já perdeu 190 mil trabalhadores", 20% do emprego total do sector, Reis Campos alertou que o recuo da produção atingiu os 31%, pelo que "as empresas ainda têm no seu seio trabalhadores a mais, convictos de que o país ou o sector poderá dar a volta".

"Mas - antecipou - se não forem tomadas medidas vamos perder esse número de trabalhadores que está a mais para a capacidade produtiva das empresas".

Para arranque da reabilitação urbana, Reis Campos avança um estudo recente da associação que mostrou que "as verbas que se pagam em subsídio de desemprego eram suficientes".

Crucial será também, na sua opinião, o papel da banca, impondo-se a criação de "linhas específicas" de apoio à reabilitação.

Relativamente às medidas de austeridade que o Governo deverá hoje anunciar para acelerar a redução do défice e responder à pressão dos mercados internacionais (incluindo o aumento do IVA, IRC e IRS), o presidente da AICCOPN acredita que "poderiam ter sido evitáveis se se tivessem tomado outras medidas antes, mas neste momento são uma inevitabilidade amarga".

"Estas situações afectam a confiança de quem trabalha e de quem dá trabalho", considerou, afirmando ter-se chegado "a uma situação em que o país praticamente vive dia a dia e todo o projecto de governação está posto em causa".

"As certezas de hoje deixam de ser as de amanhã, as certezas de ontem já não são as de hoje, os projectos planeados e calendarizados foram adiados e suspensos. O tecido empresarial em termos globais, e o da construção em particular, tem neste momento grande dificuldade em ser gerido", lamentou.