Renováveis tem custos abaixo dos combustíveis fósseis

Renováveis trariam poupanças na ordem dos 150 mil milhões de euros

26 de junho, 2021
Renováveis tem custos abaixo dos combustíveis fósseis
Países são encorajados a preterir o carvão, já que um relatório recente confirma que as renováveis trariam poupanças, em termos de custos, na ordem dos 156 mil milhões de dólares às economias emergentes.
A quota de energias renováveis que alcançou os custos mais baixos que a alternativa de combustíveis fósseis mais competitiva duplicou em 2020, evidencia um relatório da International Renewable Energy Agency (IRENA) - Agência Internacional de Energias Renováveis.

Os 162 gigawatts (GW) ou 62% da geração de energias renováveis total adicionados no ano passado tiveram custos mais baixos do que a opção mais barata de combustíveis fósseis.
O relatório 'Custos de geração de energias renováveis em 2020' mostra que os custos das tecnologias renováveis revelaram um declínio significativo durante o ano.

A energia solar concentrada (CP) decaiu 16%, a energia eólica em terra 13%, a energia eólica marítima 9% e a solar FV 7%.

Com os custos baixos, as energias renováveis também reduziram gradualmente os custos operacionais do carvão existentes. As energias renováveis a baixo custo proporcionam aos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento uma situação comercial sólida para perseguirem uma economia de consumo líquido de zero em detrimento do carvão. Só os novos projetos recém-adicionados de energias renováveis de 2020 poderão fazer poupar às economias emergentes até 156 mil milhões de dólares durante o seu ciclo de vida.

“Atualmente, as energias renováveis são a fonte de energia mais barata,” afirmou o Diretor-Geral da IRENA, Francesco La Camera. “As energias renováveis apresentam aos países presos ao carvão uma agenda de transição economicamente aliciante que assegura que irão responder à exigência energética crescente enquanto poupam nos custos, adicionando postos de trabalho, fazendo disparar o crescimento e respondendo à ambição em termos climáticos. Sinto-me encorajado pelo facto de cada vez mais os países optarem por fomentar as suas economias com energias renováveis e seguirem as diretrizes da IRENA rumo às emissões líquidas zero até 2050”, acrescenta.

“Estamos muito para além do momento crucial do carvão,” continuou La Camera. “No seguimento do último compromisso do G7 das emissões líquidas zero e da interrupção do financiamento global do carvão a nível global, chegou agora o momento de o G20 e as economias emergentes se equipararem em termos destas medidas. Não podemos permitir que haja uma via dupla para a transição energética, em que certos países rapidamente aderem ao conceito verde e outros permanecem presos ao sistema baseado em combustíveis fósseis do passado. A solidariedade global será crucial, desde a difusão tecnológica às estratégias financeiras e ao apoio em termos de investimentos. Temos de garantir que toda a gente beneficia da transição energética”.

Os projetos de energias renováveis adicionados no ano passado irão reduzir os custos do setor da eletricidade em, pelo menos, 6 mil milhões de dólares por ano nos países emergentes, relativamente à adição da mesma quota da geração de energias à base de combustíveis fósseis.

Dois terços destas poupanças provirão da energia eólica marítima, seguidos da energia hidroelétrica e da energia solar FV. As poupanças em termos de custos vêm para além dos benefícios económicos e da redução das emissões de carbono. Os 534 GW da capacidade renovável adicionada nos países emergentes desde 2010 a custos mais baixos do que as opções de carvão mais baratas estão a reduzir os custos da eletricidade em cerca de 32 mil milhões de dólares todos os anos.

Os anos 2010-2020 assistiram a um melhoramento dramático na competitividade das tecnologias solar e eólica com o CSP, energia eólica marítima e energia solar FV juntando-se à energia eólica em terra em termos da gama de custos da nova capacidade de combustíveis fósseis e superando-a de forma crescente em termos de concorrência.

Em dez anos, o custo da eletricidade proveniente da energia solar FV à escala dos utilitários desceu 85 por cento, o da CSP 68 por cento, o da energia eólica em terra 56 por cento e a energia eólica marítima 48 por cento. Com preços baixos recorde de leilão de 1,1 a 0,3 dólares por kWh atualmente, a energia solar FV e a energia eólica em terra superam continuamente em termos de custos até mesmo a nova opção de carvão mais barata sem qualquer apoio financeiro.

O relatório da IRENA mostra também que as novas energias renováveis batem as centrais de carvão existentes em termos de custos operacionais, desprezando a energia extraída do carvão como cada vez menos económica.

Nos Estados Unidos, por exemplo, 149 GW ou 61% da capacidade total do carvão custam mais do que a nova capacidade das renováveis. Encerrar e substituir estas centrais por energias renováveis cortaria as despesas em 5,6 mil milhões de dólares por ano e fariam poupar 32 milhões de toneladas de CO2, reduzindo um terço das emissões do carvão nos Estados Unidos.

Na Índia, 141 GW do carvão instalado é mais caro que a nova capacidade das renováveis. Na Alemanha, a não existência de centrais de carvão tem custos de operação mais baixos do que a nova energia solar FV ou a capacidade energética eólica em terra.

Globalmente, mais de 800 GW dos custos da capacidade energética existente do carvão custa mais do que os novos projetos de energia solar FV ou energia eólica em terra adjudicados em 2021. O encerramento destas centrais iria reduzir a geração de energia em até 32,3 mil milhões de dólares anualmente e evitar cerca de 3 giga toneladas de CO2 por ano, o que corresponde a 9 por cento das emissões globais de CO2 relacionadas com a energia em 2020 ou 20 por cento da redução de emissões necessária até 2030 para uma alteração climática de 1,5°C salientada no World Energy Transitions Outlook da IRENA.

A previsão até 2022 vê os custos globais das energias renováveis a descerem ainda mais, com a energia eólica em terra a ficar 20-27% mais baixa do que a nova opção de geração energética à base de carvão mais barata. 74 por cento de todos os novos projetos de energia solar FV adjudicados nos próximos dois anos que tenham sido adquiridos de forma competitiva através de leilões e propostas terão um preço de adjudicação mais baixo do que a nova energia à base de carvão.

A tendência confirma que as energias renováveis de baixo custo são não só a espinha dorsal do sistema energético, mas que também permitirão a eletrificação em utilizações finais, como nos transportes, em edifícios e na indústria e desbloquearão a eletrificação competitiva indireta através do hidrogénio renovável.

Fonte: oinstalador.com