Falta de competências é o principal desafio do mercado de trabalho

Conferência sobre “Políticas Públicas de Emprego” transmitida pela plataforma multimédia JETV

30 de junho, 2021
Falta de competências é o principal desafio do mercado de trabalho
Conferência sobre “Políticas Públicas de Emprego” contou com a participação de Joana Silva, diretora do Prosper da Católica Lisbon; de Pedro Marques, eurodeputado e ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas; de João Proença, presidente do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE e ex-secretário-geral da UGT; e de André Ribeiro Pires, ‘chief operating officer’ da Multipessoal. Foi transmitida pela plataforma multimédia JETV.
A necessidade de melhoria de qualificações continua a ser um dos principais desafios para o mercado de trabalho em Portugal, apesar do caminho que já foi feito, mas é necessário acentuar o ritmo de melhoria, com um papel reforçado das empresas e que se quebrem tabus sobre o ensino profissionalizante, consideraram os participantes na conferência sobre “políticas públicas de emprego”, promovida pelo Jornal Económico e pela Multipessoal.

A diretora do PROSPER – Center of Economics for Prosperity da Católica Lisbon, Joana Silva, refere que a primeira linha do desenvolvimento do mercado de trabalho está a cargo das empresas, do seu investimento e da capacidade de criarem riquezas e, por essa via, postos de trabalho, mas o aumento das competências é uma necessidade.

“É verdade que progredimos imenso”, disse Joana Silva, acrescentando que, no entanto, persistem focos de preocupação, para que “uma qualificação se traduza em valor acrescentado e produtividade”, nomeadamente a adequação dos empregos às competências.

Pedro Marques, eurodeputado do PS, ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas e antigo secretário de Estado da Segurança Social, considerou que já foi feito um “caminho enorme na questão das qualificações, do lado das qualificações básicas do lado da escola”.

“Recuperámos todo o atraso que era absolutamente impressionante, porque vinha ainda do tempo da ditadura e era superior a cinco décadas de atraso em matéria de abandono escolar e de insucesso escolar. Recuperámos ao longo dos últimos 20 anos”, disse, apontando que se tratou do trabalho de vários governos.

Diz, porém, que “ainda temos desafios, porque ainda temos muita gente ainda no mercado de trabalho que não beneficiou desse aumento de qualificação. A formação profissional tem agora novas metas europeias e temos que chegar a um nível de 60% dos trabalhadores envolvidos em formação profissional”, apontou.

“Esperamos que seja uma formação que dê dupla certificação, uma certificação profissional e uma certificação escolar também”, acrescentou.

No entanto, para Joana Silva, “mais importante do que o objetivo de ter 60% dos trabalhadores a fazer formação profissional é ter a certeza de que esses trabalhadores que fizeram formação a vão aplicar no seu emprego, que vai traduzir-se numa melhor performance do trabalhador e esta está diretamente relacionada com o salário dessa pessoa que melhorou”.

A conferência sobre “Políticas Públicas de Emprego” contou com a participação, além de Joana Silva e de Pedro Marques, de João Proença, presidente do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE e ex-secretário-geral da UGT, e de André Ribeiro Pires, chief operating officer da Multipessoal.

André Ribeiro Pires referiu que, na experiência na relação com empresas estas se mostram disponíveis para investirem em formação. “Temos visto no contacto com as empresas e estão disponíveis para fazer parte desta formação, daquilo que é realmente necessário para a sua laboração”, assegura, acrescentando que isto terá de ser enquadrado num modelo que seja ágil e que ermita não só a formação, mas também a capacidade de reter talento.

João Proença considerou, também, que houve melhorias, mas que subsistem “grandes dúvidas”. Apontou que se mantém uma barreira no acesso de quadros formados a muitas empresas, porque “os empresários estão num nível de educação inferior ao nível de formação dos trabalhadores”. Acrescentou, ainda, que existe um tabu sobre as vias de ensino profissionalizantes, que não são devidamente valorizadas.

Fonte: jornaleconomico.sapo.pt