Como ganhar até 8% com Certificados de Aforro

As taxa de juro não têm parado de galopar

14 de janeiro, 2023
Como ganhar até 8% com Certificados de Aforro
A utilização disciplinada e responsável do cartão de crédito pode ajudar a alavancar a rendibilidade do investimento em Certificados de Aforro.
Desde julho que as taxa de juro não têm parado de galopar. Em poucos meses, a taxa Euribor a 3 meses, que serve de base ao cálculo da taxa de juro dos Certificados de Aforro, passou de valores negativos para os atuais 2,25%.

A subida tem sido alavancada pela política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que desde o verão já provocou quatro aumentos consecutivas das taxas diretoras do BCE, elevando a taxa de facilidade permanente de depósito de 0% para 2%.

Se as famílias com crédito à habitação não olham para esta escalada com bons olhos, porque isso tem gerado aumentos significativos da prestação da casa, os aforradores que têm aplicado as suas poupanças em Certificados de Aforro só têm a agradecer.

No espaço de um ano, a taxa de juro destes títulos de dívida do Estado desenhados para o retalho passou de 0,4% em janeiro de 2022 para 3,088% nas novas subscrições realizadas este mês (ou 2,22% líquidos).

Enquanto as taxa Euribor continuarem a subir, os Certificados de Aforro serão sempre uma boa solução para as poupanças dos aforradores. É certo que a sua remuneração não escalará para valores muito superiores aos atuais, porque a taxa de juro dos Certificados de Aforro tem um teto máximo definido por lei de 3,5%.

No entanto, não significa que a rendibilidade do investimento em Certificados de Aforro não possa ser superior à taxa de juro. Basta para isso utilizar um outro produto bem conhecido dos portugueses.


Comprar dívida do Estado com o cartão de crédito

O montante mínimo de investimento de Certificados de Aforro é 100 euros e a sua subscrição pode ser realizada de duas formas: fisicamente, deslocando-se a uma agência dos Correios ou à sede do IGCP, em Lisboa; ou digitalmente, através do sítio AforroNet.

Em ambas as soluções é possível estender o ganho do investimento para lá da taxa de juro oferecida pelos Certificados de Aforro, desde que a subscrição seja realizada através de um cartão de crédito que tenha duas condições: isente o pagamento da anuidade e ofereça “cashback“, isto é, reembolse uma percentagem do montante gasto na compra.

Supondo, por exemplo, que o seu cartão de crédito oferece cashback de 5% significa que, este mês, por cada subscrição (ou compra) de 100 euros de Certificados de Aforro irá obter um ganho de 8,1%, (3,1% da taxa de juro dos Certificados de Aforro em janeiro mais 5% do cashback do cartão de crédito) ou 7,22% líquidos de impostos.

Não há muitos cartões de crédito a oferecer cashback e menos ainda que não cobrem a anuidade e pratiquem percentagens de reembolso desta grandeza. Mas há algumas exceções que podem ser consideradas para potenciar ainda mais o investimento nestes ativos de baixo risco. É o caso do cartão Unibanco Clássico que chega a devolver, trimestralmente, até 5% por 100 euros de compras feitas por mês, até um máximo de 200 euros por ano, durante o primeiro ano de utilização.


O cartão de crédito que alavancam em mais 5% o investimento

A percentagem de cashback do cartão do Unibanco varia de acordo com o montante das compras com base em três patamares de valores absoluto. De uma forma geral, a percentagem de reembolso mingua à medida que o valor das compras cresce. Por exemplo, se por 100 euros o Unibanco devolve 5 euros (5%), se gastar 400 euros o cashback é de apenas 2,5% (10 euros).

Para os aforradores que pretendam desenhar uma estratégia mensal de subscrição de Certificados de Aforro pelo valor mínimo (100 euros), o Unibanco Clássico é um aliado a estudar: além de não cobrar anuidade, acrescenta um ganho de 5% à taxa de juro dos Certificados de Aforro. Na carteira dos investidores, esta estratégia traduz-se num ganho anual adicional de 60 euros por 1.200 euros de “compras” de Certificados de Aforro realizadas num ano.

Mas para alcançar estes resultados é necessário visitar uma agência dos Correios. Como as “operações de pagamento de serviços” (forma utilizada pelo AforroNet para realizar novas subscrições) estão excluídas do cashback do Unibanco Clássico, é necessário passar o cartão no terminal de pagamento automático (TPA) dos Correios para comprar os Certificados de Aforro.

Além disso, é fundamental considerar uma condição essencial para esta estratégia não desmoronar: pagar sempre o valor em dívida (que neste caso são as subscrições de Certificados de Aforro) do cartão a 100%. Desta forma, evita pagar juros (normalmente acima dos 15%) sobre o montante em dívida que eliminam todos os ganhos da operação.


Investir mais de 100 euros por mês em Certificados de Aforro

Para os aforradores com maior margem de poupança, que pretendam investir mais que 100 euros por mês, a percentagem de cashback não é o único critério que devem considerar na seleção do cartão de crédito para o investimento. É importante fazer as contas ao valor máximo de reembolso mensal e anual que o cartão permite. No caso do Unibanco Clássico, esse limite está definido para 20 euros por mês e 200 euros anual.

Tomando em conta a fórmula de cálculo do cashback do cartão, a forma mais eficiente de tirar partido da oferta seria subscrever 500 euros mensalmente (nem mais nem menos) de Certificados de Aforro durante 10 meses. Desta forma, estaria a beneficiar de um cashback de 4% que se repercutia no valor máximo mensal de reembolso (20 euros) como também no reembolso máximo anual (200 euros).

O Bankintercard Gold, por exemplo, outro cartão de crédito que cumpre os requisitos necessários (isenção de anuidade e cashback), apesar de reembolsar 3% das compras realizadas nos primeiros 12 meses, tem um teto máximo de cashback de 5 euros por mês e 60 euros por ano.

Para os titulares do cartão de crédito do Bankinter Consumer Finance, a estratégia mais eficiente passa pela subscrição de Certificados de Aforro num valor mensal de 167 euros. E, neste caso, ao contrário do que sucede com o Unibanco Clássico, as subscrições dos títulos de dívida do Estado podem ser realizadas através do AforroNet, pois as “operações de pagamento de serviços” não estão vedadas ao cashback do Bankintercard Gold.

Para os aforradores que procurem alargar ainda mais o investimento mensal de Certificados de Aforro, soluções como os cartões de crédito Affinity Card, associado ao grupo Inditex, e o cartão Deco Proteste podem ser opções a considerar.

Ambos devolvem 1% das compras pagas com o cartão e não têm limites de reembolso. Mas enquanto o Affinity Card não tem qualquer anuidade e pode ser subscrito por qualquer pessoa, o cartão da Deco Proteste é reservado aos seus associados, exigindo uma mensalidade a partir de 7,75 euros para fazer parte da associação de consumidores.

Fonte: eco.sapo.pt