Análise do mercado de trabalho: emprego aumenta em agosto

Randstad divulga dados sobre o emprego e mercado de trabalho

11 de outubro, 2023
Análise do mercado de trabalho: emprego aumenta em agosto
Já está disponível a nova nota mensal da Randstad, com a análise do mercado de trabalho, tendo por base os dados mensais estatísticos estimados do INE e registos do IEFP e da segurança social, de agosto de 2023.
Assim, os dados dão conta de que, em agosto, o emprego aumentou e o desemprego diminuiu, sendo a taxa de desemprego 6,2%. Outro número em destaque é o das pessoas desempregadas, segundo o IEFP, estima-se em 295.361 pessoas.

Os resultados das estimativas provisórias mensais do INE, em agosto de 2023, caraterizaram-se por um aumento do número de empregados (+2.900 pessoas; +0,1%) face ao mês anterior.

Assim, o número de pessoas empregadas passou para 4.948.000. Por sua vez, a população ativa teve uma diminuição de -4.400 pessoas (-0,1%). Este acontecimento foi resultado da diminuição da população desempregada ser superior, em termos absolutos, ao aumento da população empregada: esta diminuição foi de -7.200 pessoas (-2,2% face a julho).

Segundo a análise da Randstad, a taxa de desemprego diminuiu em relação ao mês anterior (-0,1 p.p.) e aumentou em 0,2 p.p. face a agosto de 2022 (interanualmente), alcançando os 6,2%. Em termos interanuais, o número de empregados teve um aumento de 64.400 profissionais (+1,3%) face a agosto de 2022. A população ativa aumentou em 76.600 pessoas (+1,5%), alcançando os 5.274.600 ativos, resultado do aumento tanto da população empregada como da população desempregada, que cresceu em 12.300 pessoas face ao mesmo mês de 2022 (+3,9% de crescimento interanual), estimando-se em 326.700 o número de pessoas desempregadas em Portugal.

A taxa de atividade foi de 68,6%, representando um aumento de 0,7 p.p. na comparação homóloga. A diminuição do desemprego, no mês de agosto, verificou-se em todos os grupos populacionais (género e idade).

No mês de agosto, 6.400 homens (-4,0%) e 800 mulheres (-0,5%) deixaram de estar em situação de desemprego. Por grupos etários, a diminuição do desemprego deu-se, também, na faixa dos adultos (25 a 74 anos), com 6.100 pessoas desempregadas a menos que no mês anterior (-2,4%) e no grupo dos jovens (16 a 24 anos) com 1.100 pessoas desempregadas a menos (-1,4%).

Se a análise for feita interanualmente, o desemprego aumentou em quase todos os grupos: +1.200 mulheres (+0,7%), +11.100 homens (+7,8%), +14.300 jovens (+22,4%) e -2.100 adultos (-0,8%) desempregados. Para complementar esta análise foram usados os dados estatísticos de registos divulgados pelos Centros de Emprego Nacionais (IEFP) e pela Segurança Social. Desta forma, pode ter-se uma visão completa do que aconteceu no mercado de trabalho português. Em agosto, os pedidos de emprego aumentaram em +1.692 e os desempregados registados em +11.031 pessoas, em relação ao mês anterior.

O comportamento mensal foi crescente tanto para os pedidos de emprego (+0,4%) como para o número de desempregados registados (+3,9%), face ao mês anterior (julho). Este crescimento mensal do desemprego foi maior para as mulheres (+7.753 pessoas; +4,8%) do que para os homens (+3.278 pessoas; +2,7%). Da mesma forma, o comportamento interanual foi de aumento para os pedidos de emprego (+392 pessoas; +0,1%) e de aumento para o número de pessoas desempregadas (+12.514 pessoas; +4,4%).
Fonte: Randstad
Fonte: Randstad

295.361 desempregados registados em agosto

Assim, os Serviços de Emprego do Continente e Regiões Autónomas constataram um total de 295.361 desempregados registados em agosto, o que representa 66% do total de 447.251 pedidos de emprego, percentagem que continua a aumentar. A subida do desemprego registado, neste mês de agosto, foi a maior dos últimos 9 anos (nos meses de agosto).

O acréscimo homólogo do desemprego registado foi comum em quase todas as regiões do país, sendo mais intenso o da Região Norte (+6.694 pessoas; +6,0%), o da Região Metropolitana de Lisboa (+5.069 pessoas; +5,3%) e o do Centro (+2.714 pessoas; +7,1%). Apenas houve diminuição do desemprego na Região Autónoma da Madeira (-2.882 pessoas; -28,0%) e nos Açores (-830 pessoas; -14,6%).

Comparativamente ao mês anterior, a situação foi similar, aumentando o desemprego em quase todas as regiões, destacando o aumento do Norte (+5.336 pessoas; +4,7%), da Região Metropolitana de Lisboa (+3.953 pessoas; +4,1%) e o do Centro (+1.225; +3,1%). Houve diminuição mensal do desemprego, também, na Madeira (-167 pessoas; -2,2%) e nos Açores (-9 pessoas; -0,2%). O Norte continua a ser a região com maior número de desempregados registados do país, com 118.502 pessoas nesta condição (40,1% do total do desemprego em Portugal), seguido de Lisboa com 100.911 pessoas (34,2% do total).

«Contrário ao que muitos possam pensar, o aumento do desemprego registado em agosto não se deve ao setor hoteleiro mas sim ao setor das atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio», acrescenta a Randstad.

Apesar das estimativas do INE mostrarem um decréscimo mensal do desemprego em agosto, os dados registados pelo IEFP mostram uma situação diferente.

Segundo os dados do IEFP, os meses de agosto são caraterizados por aumentos do desemprego registado. Em média, nos últimos 10 anos, entre julho e agosto, dá-se um aumento de 5 mil pessoas desempregadas, mas este ano o aumento foi de 11 mil desempregados registados a mais em agosto, quando comparado com julho. E, possivelmente, muitas pessoas pensam que esse fenómeno pode ser explicado pelo término da intensa temporada turística que levaria à perda de vários empregos pela queda na atividade de hoteleira («Alojamento, restauração e similares»).

«Mas a realidade é diferente, pois, embora tenha havido um aumento do desemprego registado no setor da hotelaria em agosto, esse aumento foi de apenas 609 pessoas, o que indica que apenas 6% do aumento do desemprego em agosto está relacionado com esse setor. É possível que, a partir dos meses de setembro e outubro, se possam vir a observar aumentos significativos nos registos de desemprego no setor da hotelaria», refere a Randstad.

Todos os setores assinalaram um aumento do desemprego registado, segundo o IEFP, em agosto, com exceção do setor da «agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca».

Mas, os setores que registaram os aumentos mais significativos do desemprego durante este mês foram, em primeiro lugar, o setor das «atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio», com 3.256 (+4,1%) pessoas a ficar desempregadas, setor que já tem vindo a sofrer aumentos no número de desempregados nos últimos meses.

O desemprego também aumentou significativamente na «administração pública, educação, atividades de saúde e apoio social», com 2.557 pessoas desempregadas a mais no mês de agosto (+13,2%). Esses dois setores juntos («atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio» e «administração pública, educação, atividades de saúde e apoio social») explicam mais da metade (53%) do aumento do desemprego registado em agosto de 2023.

Aceda ao relatório na íntegra aqui.