Construção: previsões apontam para crescimento sustentável da atividade

Previsão aponta para crescimento de 3% do Valor Bruto da Produção do setor da Construção em 2024

15 de janeiro, 2024
As projeções do Banco de Portugal, para a evolução da atividade económica portuguesa, apontam para um ligeiro crescimento de 1,2% do PIB em 2024, ou seja, menos que os 2,1% estimados para 2023, em resultado do elevado nível de incerteza, face à evolução da conjuntura económica nacional e internacional, de um arrefecimento da procura externa, dos efeitos cumulativos da inflação e, em particular, da maior restritividade da política monetária, que veio agravar as condições de financiamento dos agentes económicos.
Para o setor da Construção, apesar do menor dinamismo da atividade económica nacional, segundo a análise da AICCOPN, as previsões continuam a apontar para um crescimento sustentável da atividade, antecipando-se uma variação real do Valor Bruto de Produção em 2024, entre 2% e 4%, intervalo a que corresponde um ponto médio de 3%, em linha com as previsões de outono da Comissão Europeia, que projetam um crescimento de 2,9% do investimento em Construção para Portugal.

«Com efeito, ao longo de 2023, apesar dos constrangimentos que afetaram a atividade das empresas de construção, a maioria dos indicadores setoriais mantiveram uma tendência de evolução positiva, destacando-se a criação de cerca 20 mil postos de trabalho adicionais até ao final do 3º trimestre de 2023, o aumento, até novembro, de 2,5% do consumo de cimento e de 70,9% do montante dos concursos de empreitadas de obras públicas promovidos, em termos homólogos acumulados», vinca a AICCOPN.

No segmento da habitação, o mais afetado pelo aumento dos custos de financiamento, apesar da redução de 20,9% do número de alojamentos transacionados, nos primeiros três trimestres de 2023, em resultado do elevado nível de procura, manteve-se a tendência de valorização dos imóveis com o índice de preços na habitação a aumentar 7,6%, em termos homólogos, no 3.º trimestre do ano.

Ao nível do licenciamento municipal de edifícios residenciais verificam-se, até outubro, variações de -10,3% no número de edifícios licenciados e de +5,6% no número de fogos em construções novas, revelando uma maior tendência dos investidores na construção de edifícios multifamiliares. Acresce, que a habitação é o vetor com maior dimensão no PRR, destacando-se, neste âmbito, a existência de 269 Municípios já com as respetivas Estratégias Locais de Habitação aprovadas em conformidade com os princípios do programa 1.º direito. Assim, tendo em consideração a evolução dos indicadores em 2023 e os fatores acima indicados, a estimativa para 2024 prevê um crescimento entre 1% e 3% do valor bruto da produção deste segmento de mercado.

Relativamente ao segmento dos edifícios não residenciais, em face da previsão de um menor dinamismo da atividade económica nacional e da evolução do licenciamento de edifícios não habitacionais, que regista variações, até mês de outubro de 2023, de –6,4% no número de edifícios licenciados e de +5,7% na área licenciada, em termos homólogos, as projeções apontam para que a evolução do valor bruto da produção neste segmento se situe entre 0% e 2%.

No que concerne ao segmento da engenharia civil, os principais indicadores apresentaram ao longo de 2023 um expressivo crescimento, beneficiando do arranque de investimentos apoiados pelos fundos europeus atualmente disponíveis, designadamente no PRR e no Portugal 2030.

Concretamente, nos primeiros onze meses de 2023, apuraram-se aumentos de 70,9%, em termos homólogos, do montante dos concursos de empreitadas de obras públicas promovidas e de 30,6% no montante dos contratos de empreitadas, celebrados e registados no Portal Base, em termos de variação homóloga temporalmente comparável. Deste modo, as expectativas são que se mantenha, novamente, como o segmento mais dinâmico em 2024, estimando-se um crescimento entre 3,5% e 5,5% do seu valor bruto da produção.

Assim, prevê-se que, em 2024, o setor da Construção contribua decisivamente para a evolução da atividade económica nacional, com a produção total, em termos reais, no ponto médio do intervalo de previsão, a crescer 3% e a situar-se, em valor, nos 21.212,9 milhões de euros.