Comissão Europeia quer que Portugal e Espanha estejam ligadas por comboios rápidos até ao final desta década. Os dois países ibéricos integram um dos dez projetos-piloto de ligações transfronteiriças selecionados esta semana pela Direção-Geral da Mobilidade e dos Transportes (DG-Move). Para pôr pressão, foi selecionado um projecto-piloto para a ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid e entre Lisboa e a cidade da Corunha.
A proposta ferroviária para a Península Ibérica foi apresentada pela empresa Ilsa, que opera comboios de alta velocidade em Espanha através da marca Iryo. A empresa conta com três acionistas: a companhia ferroviária estatal Trenitalia (45%) e as empresas privadas espanholas Air Nostrum (31%) e Globalvia (24%).
Na ordem dos projetos, a iniciativa da Iryo está em nono lugar, sem data concreta. Contudo, todas as propostas têm de ser postas em marcha até dezembro de 2029, indicou ao ECO fonte comunitária. Em Espanha, os comboios da Iryo funcionam apenas em linhas de alta velocidade de bitola europeia e podem atingir uma velocidade máxima de 360 km/hora.
A empresa, para já, não revela que comboios poderá pôr a circular entre Portugal e Espanha, onde as ligações de alta velocidade serão construídas em bitola ibérica. A situação pode ser resolvida com a compra de material circulante com eixos telescópicos — para funcionar nos dois tipos de linhas — ou então exclusivamente na medida dos carris ibéricos.
Para apoiar os projetos, a Comissão Europeia vai “facilitar a coordenação e os contactos, ajudar a clarificar a compatibilidade das iniciativas com a legislação da União Europeia, ajudar a identificar ferramentas que podem favorecer o projeto-piloto” e ainda “promover o projeto-piloto”, detalha fonte comunitária.
A Iryo “agradece o apoio da Comissão Europeia”, que “é muito importante para permitir a viabilidade dos serviços e ultrapassar os atuais obstáculos”, refere ao ECO fonte oficial da empresa hispano-italiana. Entre as dificuldades identificadas, destaque para a necessidade de Portugal e Espanha apresentarem um “projeto conjunto de desenvolvimento das infraestruturas”. A empresa também espera que o projeto “ajude a promover a verdadeira liberalização do mercado ferroviário português”, com a “entrada de novos operadores”, que poderá proporcionar “ganhos para os passageiros”.
A transportadora privada recorda ainda que, em agosto de 2022, aderiu à plataforma Corredor Sudoeste Ibérico, que defende a criação de um comboio de alta velocidade entre Lisboa e Madrid a partir de 2028.
Portugal focado no Eixo Atlântico
O Governo português tem focado as apresentações da alta velocidade no Eixo Atlântico, através da construção das linhas Porto-Lisboa e Porto-Vigo. O plano atual prevê a construção da nova linha Porto-Lisboa em duas fases. A fase 1, entre Porto e Soure, vai custar 2,95 mil milhões de euros, dos quais mil milhões serão provenientes de fundos europeus. Esta fase será dividida em duas: Porto-Aveiro (Oiã), por 1,65 mil milhões de euros; e Aveiro-Soure, por 1,3 mil milhões de euros. As obras começam em 2024 e deverão ficar concluídas no final de 2028, permitindo comboios Lisboa-Porto em 1h59, sem paragens.
Na fase 2, entre Soure e Carregado, as obras deverão começar em 2026 e acabar e 2030. Depois dos trabalhos concluídos, será possível viajar entre Lisboa e Porto em uma hora e 19 minutos (sem paragens).
Fonte:
eco.sapo.pt