As grandes empresas do futuro em Portugal
Em 2022, faturavam 5,4 mil milhões de euros e empregavam cerca de 14 mil pessoas
30 de agosto, 2024
São as «empresas adolescentes», um conjunto de empresas que a Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP), em parceria com a Informa D&B, identificou e que classifica como aquelas que estão em melhores condições para crescer, trazendo à economia nacional os benefícios que só as grandes empresas conseguem. As «adolescentes» estão no topo das médias empresas, faturam entre 30 e 50 milhões de euros e têm crescimento no emprego nos últimos anos. Ao todo, são 144 as empresas identificadas nesta categoria.
Em Portugal, onde a esmagadora maioria das empresas é de reduzida dimensão, existem pouco mais de mil grandes empresas, que não chegam a 1% do tecido empresarial, 30% das quais eram empresas de média dimensão há 5 anos. As grandes empresas dão um enorme contributo para o país, nomeadamente em volume de negócios, emprego, exportações e inovação. Mas, além disso, a dimensão traz uma capacidade de operação, doméstica e internacional, que se transmite a outras empresas da sua cadeia de valor, induzindo o crescimento dessas empresas.
De acordo com Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, «num tecido empresarial como o nosso, com uma enorme quantidade de empresas de reduzida dimensão e onde é difícil crescer sucessivamente e ganhar dimensão, estas empresas que identificamos como ‘adolescentes’ merecem uma atenção especial pois são as que estão mais preparadas para serem grandes empresas, com todos os benefícios que isso significa para a economia do país».
Carlos Moreira da Silva, presidente da Associação BRP, refere que «é urgente garantir as condições para que estas empresas passem rapidamente a fronteira para grandes empresas. Portugal precisa de maiores empresas – que são mais produtivas, investem e inovam mais, criam maior riqueza e pagam melhores salários. Este estudo confirma que temos muitos e bons candidatos a serem as próximas grandes empresas, cujo crescimento será fundamental para acelerar o crescimento económico e social de Portugal, e garantir um país mais justo, próspero e sustentável. Para além de dar a conhecer ao país quem são as empresas adolescentes, cujo sucesso deve ser incentivado e celebrado por todos, esta análise reafirma a pertinência do nosso programa de apadrinhamento de empresas adolescentes, que consiste num acompanhamento personalizado por parte de um CEO da Associação BRP ao CEO da empresa adolescente selecionada. Queremos acelerar as empresas médias de elevado potencial de crescimento, oferecendo todo o nosso conhecimento e experiência de empresas líderes e globais», conclui.
Empresas adolescentes foram as que mais cresceram nos últimos anos em volume de negócios e emprego
O volume de negócios das empresas adolescentes cresceu 12,7% (crescimento médio anual) entre 2018 e 2022, um registo muito superior aos outros segmentos de empresas. No mesmo período, a faturação das grandes empresas cresceu 8,7%, enquanto o crescimento da totalidade do tecido empresarial foi de 7,6%.
Foi igualmente nas empresas adolescentes que o emprego teve um crescimento superior, aumentando 6,2% entre 2018 e 2022 (crescimento médio anual), aumento superior ao das grandes empresas e ao do tecido empresarial, 2,1% em ambos os casos.
Outros indicadores financeiros, como a autonomia financeira, rácio de solvabilidade e rentabilidade dos capitais próprios são também superiores nas empresas adolescentes, quando comparados com os outros segmentos de empresas.
A empresas adolescentes têm, em consequência, uma Resiliência Financeira consideravelmente superior a todos os outros segmentos, com 90% delas a registar níveis de resiliência elevado ou médio-alto.
Concentradas em três setores, maduras, exportadoras e inovadoras
As 144 empresas adolescentes estão essencialmente concentradas em 3 setores de atividade. Em primeiro lugar nas Indústrias, com 40%, mas também nos Grossistas e no Retalho, respetivamente com 29% e 19%. Em volume de negócios, estes três setores pesam quase 90% do total das empresas adolescentes.
São maioritariamente (78%) empresas maduras, com 20 anos ou mais, uma antiguidade muito semelhante à que encontramos entre as grandes empresas. Quase um terço das empresas adolescentes têm uma gestão familiar, percentagem superior aos outros segmentos de empresas.
Têm uma forte vocação exportadora, que só tem paralelo também entre as grandes empresas. Mais de metade (58%) das empresas adolescentes têm negócios com o exterior, que correspondem a 27% da sua faturação total.
13% destas empresas são consideradas empresas inovadoras, pelo perfil dos seus investimentos em tecnologia e I&D, uma percentagem que no tecido empresarial em geral é de apenas 0,4%.
Existem empresas adolescentes em todos os distritos, mas estão fortemente concentradas no litoral, em especial nos distritos de Lisboa (23), Porto (19), Aveiro (15), Braga (12), Leiria (10) e Setúbal (10).