PIB global pode cair até 22% devido a desastres climáticos até 2100

Dados são da Boston Consulting Group e do Fórum Económico Mundial.

20 de fevereiro, 2025
PIB global pode cair até 22% devido a desastres climáticos até 2100
Crédito da Foto Pixabay
O impacto das alterações climáticas na economia global poderá atingir proporções sem precedentes, podendo o PIB global sofrer uma redução de 16% a 22% devido aos riscos climáticos até 2100.
Dados são do segundo o relatório 'The Cost of Inaction: A CEO Guide to Navigating Climate Risk', realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o Fórum Económico Mundial. As catástrofes relacionadas com o clima provocaram danos superiores a 3,6 biliões de dólares a nível mundial desde 2000 e o risco é crescente num mundo em rápida transformação, onde a passividade das empresas ameaça não só a sua competitividade, mas também a sua sobrevivência a longo prazo.

«Os custos económicos das alterações climáticas dispararam nas últimas duas décadas e os riscos continuam a crescer. Para mitigar impactos e manter a competitividade, é essencial reduzir as emissões carbónicas e fortalecer a resiliência empresarial num mercado onde a sustentabilidade já não é uma escolha, mas uma exigência», afirma Manuel Luiz, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, citado em comunicado.

O responsável acrescenta que «embora muitas empresas já considerem o risco climático, ainda há um longo caminho a percorrer. Os líderes devem avaliar e gerir o portfólio estrategicamente, impulsionar a inovação e monitorizar riscos de forma contínua. Integrar o desafio da sustentabilidade na estratégia de negócio não só garante conformidade e resiliência, mas também desbloqueia oportunidades e gera vantagem competitiva – enquanto contribui para um futuro mais sustentável».

As alterações climáticas implicam riscos físicos e riscos de transição para as organizações. Os físicos traduzem-se nos fenómenos meteorológicos extremos, como inundações e incêndios florestais, e danificam os ativos empresariais, perturbam as cadeias de abastecimento e reduzem a produtividade, sobretudo nos setores dos serviços públicos, da agricultura e das comunicações. Estes riscos podem ameaçar até 25% dos lucros das empresas até 2050.

Já os riscos de transição relacionam-se com desafios decorrentes da transformação para uma economia com baixas emissões carbónicas. À medida que os governos aumentam os preços do carbono e introduzem regulamentações mais rigorosas, as empresas mais atrasadas nos esforços de descarbonização enfrentam custos de conformidade elevados e os seus ativos e posição no mercado podem desvalorizar, especialmente nos setores de emissões elevadas, como o da energia, do cimento e dos transportes. Para fazer face a estes riscos, as empresas devem investir na avaliação da sua exposição ao risco e no reporte de resultados, sobretudo porque os investimentos em adaptação e resiliência podem gerar retornos de 2 a 19 dólares por cada dólar investido. Adicionalmente, a transição para operações com baixo teor de carbono pode diminuir até 60% das emissões num cenário de transição rápida, reduzindo a exposição das organizações aos preços do carbono e aos custos regulamentares, em particular nos setores de emissões intensivas.

Economia verde deverá atingir mais de 14 biliões de dólares em 2030

O relatório revela ainda que se prevê que a economia verde crescerá de 5 biliões de dólares em 2024 para mais de 14 biliões de dólares em 2030. Neste contexto, as empresas líderes em estratégia climática podem obter vantagens competitivas e regulamentares substanciais, posicionando-se como líderes neste mercado em rápida expansão. Os setores melhor posicionados para serem pioneiros incluem energias alternativas (49%), transportes sustentáveis (16%) e bens de consumo sustentáveis (13%), todos com taxas de crescimento anual de 10% a 20%, significativamente acima do aumento do PIB.

Aceda ao relatório aqui.