Projetos do Corredor de Energia Verde já têm selo europeu

Portugal com dois novos projetos de hidrogénio verde classificados como «Projeto de Interesse Comum» no plano europeu

30 de novembro, 2023
Projetos do Corredor de Energia Verde já têm selo europeu
Portugal viu reconhecidos dois projetos estruturantes de transporte de hidrogénio verde - o «H2Med/CelZa» e o «Portuguese Hydrogen Backbone» - como PICs ao nível europeu.
Este selo, indica o Ministério do Ambiente e Ação Climática em comunicado, «comprova a relevância estratégia destas infraestruturas para os objetivos e metas da União Europeia, e possibilita, em sequência, que estas sejam elegíveis para se candidatarem a financiamento europeu, ao abrigo do Connecting Europe Facility - Energy («CEF-E»), que poderá apoiar até 75% dos custos elegíveis».

O 'H2Med/CelZa', submetido pela REN-Gasodutos, SA, representa um investimento de 204 milhões e terá cerca de 242 km de condutas, dos quais 162 km em Portugal. Esta infraestrutura será complementada por outros projetos, nomeadamente pela interligação H2Med/BarMar (Espanha-França) e por infraestruturas que ligarão as redes de hidrogénio francesas e alemãs. Possibilitará, assim, o surgimento de um dos principais corredores de hidrogénio verde através do Mediterrâneo.

Este projeto corresponde ao anúncio feito a 20 de outubro de 2022, em Bruxelas, pelo Presidente de França, Emmanuel Macron, pelo Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, e pelo Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa. Os três líderes concordaram na criação de uma interligação de hidrogénio entre Portugal e Espanha, ligando Celorico da Beira (Portugal) a Zamora (Espanha), e no desenvolvimento de uma conduta marítima que ligue Barcelona (Espanha) a Marselha (França), como a opção mais direta e eficiente para ligar Portugal e Espanha à Europa Central. A 9 de dezembro de 2022, em Alicante, os mesmos líderes confirmaram o lançamento do corredor, que contou com o apoio da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Até 2030, a capacidade de transporte estimada do H2Med é de 2 milhões de toneladas de hidrogénio por ano, representando 10% do consumo de hidrogénio da Europa. Entre Portugal e Espanha, a capacidade de transporte esperada é de 750 mil toneladas de hidrogénio por ano.

O «Portuguese Hydrogen Backbone», também submetido pela REN-Gasodutos, SA e hoje classificado como PIC a nível europeu, consiste na construção e adaptação da rede de gás em Portugal e representa um investimento de cerca de 210 milhões de euros.

Este projeto cria importantes condições para a produção e integração de hidrogénio verde, tanto na região centro do interior de Portugal como na região da Figueira da Foz, possibilitando a criação de novas cadeias de valor em Portugal e a ligação ao Corredor de Energia Verde europeu. O projeto atua, assim, como facilitador do H2Med/CelZa, e representa a primeira fase na criação de uma infraestrutura nacional de H2 mais ampla. Inclui a nova infraestrutura de transporte de hidrogénio Figueira da Foz–Cantanhede com cerca de 50 km, e três gasodutos de hidrogénio adaptados: Cantanhede-Mangualde (68 km de tronco principal mais 8 km de linha secundária); Mangualde-Celorico da Beira (48 km de tronco principal); e Celorico da Beira-Monforte (213 km de tronco principal mais 4 km de linha secundária).

Estes desenvolvimentos estão alinhados com a renovada ambição expressa na recente revisão do Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), em que Portugal mais do que duplica a capacidade prevista de eletrolisadores até 2030, passando de 2,5 GW para 5,5 GW.

Esta revisão do PNEC 2030 reflete o compromisso de Portugal com a promoção do hidrogénio verde e outros gases renováveis enquanto motor de crescimento e de descarbonização.

O hidrogénio renovável assume um papel crucial na estratégia energética e climática de Portugal, desempenhando uma função determinante na reindustrialização do país, na criação de emprego e na concretização das metas nacionais e europeias de descarbonização. O anúncio confirma também a classificação de Projeto de interesse Comum das interligações elétricas entre Portugal e Espanha (3.ª interligação do Minho) e entre Espanha e França (Golfo da Biscaia), infraestruturas críticas para reforçar a integração dos sistemas elétricos da Península Ibérica e do centro da Europa. A divulgação ocorreu durante a 4ª Edição dos PCI Energy Days, conferência dedicada à implementação prática dos Projetos de Interesse Comum, reunindo países da União Europeia, reguladores e promotores para discutir desafios e partilhar práticas bem sucedidas na construção e modernização da infraestrutura energética para cumprir as metas climáticas e energéticas da UE até 2030.