Como é o chefe ideal? Estudo diz que é ser compreensivo e respeitador

Estudo publicado pela Associação Portuguesa de Psicologia

30 de outubro, 2019
Como é o chefe ideal?
Compreensivo, respeitador, líder, justo e amigo. Estas são as cinco características que as pessoas mais esperam daquilo que consideram um "chefe ideal".
A conclusão é de um estudo publicado na Revista da Associação Portuguesa de Psicologia, que ouviu 2.725 pessoas e lhes pediu que referissem as palavras que associavam àquele que seria o seu chefe ideal.Com 998 referências, "compreensivo" foi a palavra mais vezes referida, seguida de "respeitador" (843 referências), "líder" (753), "justo" (570) e "amigo" (447). Só depois surgem referências à importância do chefe ser alguém "responsável (400), "motivador" (383), "simpático" (358), "organizado" (318), "honesto" (278) ou, a grande distância, "trabalhador" (251) e "competente" (243).

Leonor Pais, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, e Nuno Rebelo dos Santos, da Universidade de Évora, são dois dos autores do trabalho que, como dizem, tentou saber o que anda "na alma das pessoas quando projetam o seu chefe ideal". Habituados a estudar a liderança, explicam que muitas vezes se interrogavam "o que é isto da liderança para a pessoa comum" e admitem que ficaram algo surpreendidos com os resultados.

"Claramente ganham saliência as características que remetem para o comportamento e a relação entre o chefiado e o chefe", explica Leonor Pais. "Parece, na cabeça dos portugueses que estudámos, que o chefe ideal é, antes de mais, alguém que investe na qualidade da relação com as pessoas, um dado muito interessante."

Nuno Rebelo dos Santos acrescenta que também se nota que a chamada liderança que dá poder ao liderado será aquela que mais agrada aos inquiridos, numa empatia, amizade, respeito e compreensão que as pessoas, se calhar com frequência, não encontram nos chefes que têm de facto no dia-a-dia, podendo, estes resultados, "ser resultado de experiências negativas".

Leonor Pais admite que a vantagem da característica "compreensivo" os surpreendeu um pouco, dando ideia que "as pessoas têm uma certa necessidade de empatia com alguém que o lidera e que deve ter em conta o seu contexto e circunstâncias de vida pessoais ou profissionais".

Os professores das universidade de Coimbra e Évora sublinham que as competências e os conhecimentos concretos da profissão são mais fáceis de desenvolver do que características comportamentais e traços de personalidade a que, com frequência, as empresas dão pouca importância. "Aliás", conclui Leonor Pais, "há um autor que costuma comparar o perfil comportamental das pessoas a uma montanha" que demora imenso tempo ser moldada.