Energia Eólica: um pilar para a sustentabilidade do país

Nuno Carvalho C&E PM na VESTAS

19 de novembro, 2021
Energia Eólica: um pilar para a sustentabilidade
Enquanto cidadãos devemos olhar para o futuro com um natural compromisso e sentido de rumar à neutralidade carbónica. Enquanto indústria produtora elétrica o compromisso é ainda maior, atuando de forma a moldar mentalidades e aperfeiçoar tecnologias cada vez mais capazes e eficazes de atingir esse fim. Esta mudança tem de acontecer o mais rápido possível, no entanto, de forma sustentada e sustentável.
Neste campo, a energia eólica tem dado grandes passos em direção a um mundo mais sustentável. O desenvolvimento tecnológico das turbinas e a redução dos custos associados a esta tecnologia permitem, hoje em dia, explorar o recurso eólico em locais que anteriormente não eram economicamente viáveis. Por isso, a energia eólica posiciona-se como uma tecnologia líder da produção futura de energia renovável, contribuindo desta forma para alcançar a necessária neutralidade carbónica e as metas impostas pelo Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030 (PNEC 2030).

Nesse sentido, desde 2011, a potência fóssil instalada em Portugal tem vindo a apresentar uma redução que é ainda mais evidente em 2021, com a desativação da central de Sines.

Outro dos grandes objetivos do PNEC é a redução para 65% da dependência energética do exterior, objetivo que apenas será cumprido se Portugal aumentar a sua capacidade de produção de energia com tecnologias de baixa emissão de Gases de Efeito de Estufa (GEEs). O potencial de instalação da tecnologia onshore (em terra) em Portugal aumenta devido às grandes áreas rurais em sobrelevação, que reduz a turbulência que seria causado pela rugosidade do terreno e/ou obstáculos como, por exemplo, prédios ou árvores. Portugal dispõe ainda de uma grande área marítima para a instalação da tecnologia offshore (no mar), como por exemplo a plataforma Windfloat Atlantic, instalada ao largo de Viana do Castelo, e que é a primeira e única do género em Portugal.

A complementaridade da energia eólica com outras fontes de energia será uma boa solução para rentabilizar as infraestruturas existentes, em particular pela integração de painéis fotovoltaicos nos parques eólicos, visando aproveitar os períodos do dia em que a velocidade do vento é mais reduzida, e vice-versa. Esta sinergia visa garantir o alinhamento da perspetiva da capacidade renovável instalada com a perspetiva da produção de eletricidade em 2030.
A título de curiosidade, Portugal beneficia ainda de ótimas condições meteorológicas para a instalação de turbinas, dado a velocidade média do vento variar desde os 8 km/h no inverno aos 16 km/h no verão [1]. A esse facto se deve a constatação, nos primeiros nove meses de 2021, de a energia eólica se ter destacado como a segunda fonte de energia renovável que mais abasteceu o consumo (24% num total de 61%) de energia elétrica em Portugal (depois da hídrica).

Vários estudos mostram que, atualmente, as turbinas eólicas são 85-90% recicláveis. Com um tempo de vida útil a rondar os 20-25 anos, após os quais o descomissionamento é, portanto, esperado, garantir a reciclagem a 100% no final da vida útil é de interesse económico e ambiental e está de acordo com os princípios da transição para uma economia circular. Anteriormente, os materiais compósitos termoendurecíveis para o fabrico das pás destacavam-se como os mais difíceis de reciclar, representando uma fração relativamente grande de materiais não recicláveis de uma turbina. Este facto despertou uma grande ambição por parte dos grandes players deste setor de, até 2040, atingir compromissos ambientais tais como:
  • Alcançar a neutralidade carbónica nas operações até 2030 sem recurso compensações de carbono;
  • Reduzir as emissões de CO2 nas cadeias de abastecimento;
  • Produzir turbinas eólicas sem resíduos até 2040 - 'Zero-waste turbine'.
Recentemente, a fabricante dinamarquesa das turbinas eólicas Vestas anunciou que, em parceria com líderes da indústria e académicos, constatou como reciclar totalmente as pás das turbinas eólicas, dividindo e reciclando fibra e epóxi em separado. Esses materiais podem ser reutilizados em novas pás. O ciclo é ilustrado na figura acima. Estes avanços na reciclagem de turbinas eólicas são cruciais para um crescimento sustentado e sustentável desta tecnologia, para a economia circular e para ajudar a reverter o mais rapidamente possível a situação de calamidade climática que enfrentamos.

Fonte: oinstalador.com