Transição Energética: desafios em debate no Porto

Seminário «Pandemia e conflito: Que Impacto na Transição Energética?»

30 de maio, 2022
Transição Energética: desafios em debate
O Seminário «Pandemia e conflito: Que Impacto na Transição Energética?» marcou o regresso da Associação Portuguesa da Energia aos eventos presenciais e reuniu, no auditório da EDP, no Porto, cerca de 70 participantes, a que se juntou número semelhante em assistência online e contou com a participação de António M. Cunha, Presidente da CCDR Norte, João Peças Lopes, Professor da FEUP, Teresa Abecasis, Administradora da Galp, Ângelo Ramalho, CEO da Efacec, Nuno Santos, Administrado da Navigator Company e Joana Freitas, Administradora da EDP.
Após as boas-vindas de João Torres, Presidente da APE, António Cunha, Presidente da CCDR Norte iniciou a sessão com o discurso de abertura, destacando o facto de os desenvolvimentos tecnológicos terem vindo a acelerar a transição energética, verificando-se que tecnologias julgadas inviáveis há uma década se tornaram mainstream na atualidade, dando o exemplo dos automóveis elétricos. Referiu ainda que a pandemia covid-19 seguida da guerra Russo-Ucraniana colocou ênfase na necessidade da transição energética considerar a segurança e auto-suficiência do setor energético europeu. Quanto às oportunidades que a transição energética pode trazer considera que o desenvolvimento de novas cadeias de valor associadas à transição energética deverá ser otimizado, para assegurar a maximização do valor acrescentado nacional, sendo relevante que, por exemplo, a extração de lítio seja acompanhada pelo processo de refinação em território nacional.

Na sequência da apresentação realizou-se uma mesa-redonda moderada por Joana Freitas da EDP.

Iniciando a troca ideias António Cunha referiu a questão da segurança, considerando que a União Europeia não vai voltar a querer ter o actual nível de dependência energética. Relativamente à questão da exploração de recursos minerais referiu que é necessário ter em consideração os potenciais impactos ambientais. Destacou ainda a necessidade de ter em consideração as populações. Neste sentido, mais sessões de esclarecimento devem ser desencadeadas.,

Por sua vez, João Peças Lopes chama a atenção para o facto de, para além da urgência climática, existir agora também uma urgência económica bem como desafios associados aos preços da energia. Ainda na opinião do Professor da FEUP, é necessário desenvolverem-se mecanismos regulatórios para responder às novas premissas do sistema energético. Para fazer face ao excesso de produção de energia de origem renovável, o Professor reforça a ideia de poder utilizar-se o hidrogénio como base de armazenamento sazonal

Para Teresa Abecasis, a transição energética terá padrões bastante diferenciados em várias regiões do globo. A administradora da Galp considera que embora, na maioria dos países OCDE a descarbonização passará por uma redução progressiva do uso de combustíveis fósseis, enquanto em países em vias de desenvolvimento poderão ser priorizadas tecnologias mais poluentes como o carvão a médio prazo.

Por seu turno, Ângelo Ramalho frisou que a disrupção da cadeia de distribuição, e consequentemente o seu aumento de custos, motivada pela situação pandémica e mais recentemente pelo conflito russo-ucraniano provocou uma mudança da gestão operacional das empresas. Na opinião do CEO da Efacec, os constrangimentos nos dias de hoje serão oportunidades amanhã e a re-industrialização de Portugal é uma oportunidade que não se pode perder.

Já Nuno Santos, considera que as oportunidades de desenvolvimento são imensas, porque a União Europeia quer acelerar a transição energética, através de energias renováveis tendo o hidrogénio, os biocombustíveis e os combustíveis sintéticos oportunidade para crescer. O Administrador da The Navigator Company alerta, contudo, para o facto de esta aceleração não se fazer sem um custo, prevendo um aumento do custo da energia nos próximos anos.

Para João Torres, Presidente da APE, declarou, no final da sessão: «Sinto que foi bem conseguido o objectivo da Associação ao promover este evento no Porto. A transição energética e a boa gestão da sua evolução, só pode ser conseguida com enorme cooperação de todos os agentes envolvidos. Isso ficou evidente na diversidade das intervenções, de grande qualidade, feitas durante o debate a que tivemos o privilégio de assistir, bem como nas oportunas questões suscitadas pela audiência.”