Como o frio afeta as famílias portuguesas?

Procura por melhorias de eficiência energética é acentuada no norte de Portugal

20 de dezembro, 2024
Como o frio afeta as famílias portuguesas?
O desconforto térmico permanece uma realidade para muitas famílias portuguesas durante o inverno, especialmente na época natalícia, com 65% dos inquiridos pela plataforma de serviços ‘Fixando’ a reconhecer que, apesar do frio, vai utilizar os sistemas de aquecimento com menos frequência do que desejaria por motivos económicos.
O inquérito realizado pela Fixando entre 9 e 16 de dezembro, a 5.190 utilizadores, revela que 53% dos inquiridos considera a sua habitação fria e que o aumento das despesas com aquecimento é uma preocupação constante, com 84% a expressar receio com os custos de energia nesta época.

Este problema de climatização das casas portugueses reflete-se também na procura por melhorias em eficiência energética, como isolamento, sistemas de aquecimento e instalação de painéis solares, que aumentou 28% entre janeiro e novembro deste ano, face ao mesmo período de 2023, segundo dados da plataforma.

Já num inquérito realizado pela Fixando em outubro deste ano, 20% das famílias avaliava o conforto térmico da sua habitação como muito insuficiente.  

Para resolver este problema, entre os equipamentos mais utilizados para aquecer as casas incluem-se o termoventilador (30%), o ar condicionado (26%), aquecedor a óleo (22%) e a lareira (17%).

Além disso, 23% dos inquiridos afirmou que pretende realizar remodelações para otimizar o conforto térmico e a eficiência energética da sua casa.

«Grande parte das casas onde as famílias portuguesas habitam são construções antigas que carecem de um isolamento térmico adequado. Isto resulta em perdas significativas de energia e desconforto para os moradores. São casas muitas vezes de alvenaria comum, sem capoto ou proteção térmica nas janelas, e isso gera problemas como humidade e infiltrações que agravam a sensação de frio e aumentam os custos energéticos», destaca um especialista do setor, da empresa ACC Inspiração Divina.

O aumento da procura por eficiência energética reflete-se também nos preços médios dos serviços, que subiram este ano. Reparar janelas, por exemplo, tem um custo médio de 110€ (face a 87€ em 2023), e a instalação completa de novas janelas ronda agora os 2916€ (em comparação com 2236€ em 2023). No caso do isolamento, o valor médio é agora 25€ por hora, mais 5€ que em 2023, enquanto os projetos de impermeabilização têm um custo de 715€ em média, um aumento face aos 500€ do ano passado.

A Fixando revela ainda que, por força dos invernos mais rigorosos, a procura por melhorias de eficiência energética é especialmente acentuada no norte de Portugal, com 35% dos pedidos registados na Fixando a surgirem dos distritos do Porto, Braga, Aveiro, Viana do Castelo e Vila Real.

Limitações financeiras

Apesar dos benefícios de longo prazo das melhorias térmicas, as limitações financeiras continuam a afetar as escolhas dos consumidores.

A maioria das famílias opta por soluções de janelas com vidros duplos, que aumentam a eficiência energética em cerca de 75-80%, enquanto apenas 8% opta por vidros triplos, mais caros, mas com capacidade de isolamento até 30% superior aos duplos, de acordo com os profissionais do setor. A diferença de valores faz com que os consumidores optem pela solução intermédia, para evitar custos mais elevados.

Ignácio Quintana, especialista em renovação habitacional, reforça que o aumento da eficiência energética é possível mesmo com soluções mais acessíveis. «Muitas casas antigas podem melhorar a eficiência térmica com opções simples, como pavimentos vinílicos com isolamento incorporado e paredes em pladur com lã mineral, que aumentam o conforto térmico e acústico de forma acessível. É importante ter opções que equilibrem custo e eficácia, para que o investimento seja realista para mais pessoas», explica.

Com 52% dos pedidos de serviços de isolamento destinados à instalação de isolamento térmico e 33% à instalação de isolamento impermeabilizante, o objetivo é claro: reduzir as perdas de calor e aumentar o conforto, principalmente nas casas mais antigas. A Fixando revela ainda que 81% destes pedidos destinam-se a moradias.